Manifesto da Cachaça - IBRAC

O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), lançou em setembro de 2018,  o "Manifesto da Cachaça". 
Documento obrigatório para todos que se interessam pelo nosso destilado.
Vamos apresentar aos nossos leitores o manifesto na íntegra, lembrando que a defesa dos interesses da Cachaça nos mercados nacional e internacional é crucial para o futuro de todos os envolvidos na cadeia de produção da principal bebida destilada do Brasil.




"Com 500 anos de história, a Cachaça, primeiro destilado das Américas e primeira Indicação
Geográfica do Brasil, faz parte da identidade do Brasil. De origem nacional, nossa bebida
tem contribuído para o desenvolvimento do país, com toda sua relevância cultural, social e econômica, nas cincos regiões. Apesar disso tudo, a Cachaça ainda não é valorizada como
um ícone nacional. É hora disso mudar!

A diversidade brasileira está refletida na variedade de sabores e aromas das Cachaças de
cada região. Há também muito conhecimento por trás da produção deste nobre destilado.
A arte de fazer Cachaça combina tradição e inovação para criar produtos com qualidade à
altura dos melhores destilados do mundo.

A produção de Cachaça deve ser entendida como um vetor de desenvolvimento nas diversas
regiões, já que sua produção é pulverizada em milhares de produtores de todos os portes
espalhados de norte a sul do país. Respondendo em torno de 70% do mercado nacional de
destilados, a categoria gera mais de 600.000 empregos diretos e indiretos.

No entanto, suas contribuições culturais, sociais e econômicas estão comprometidas devido
a questões de base que impedem seu crescimento e desenvolvimento de forma sustentável.
Para que a Cachaça ocupe seu espaço merecido e tenha todo o seu potencial explorado,
algumas iniciativas se fazem urgentes e necessárias:

1 – Ampliar os esforços de promoção e proteção internacional da Cachaça como produto
exclusivo e genuinamente brasileiro.


Em 2017, as exportações de Cachaça representaram cerca de 1% da produção total,
somaram 15,8 milhões de dólares e tiveram como destino mais de 60 países.

Considerando a atual capacidade instalada de produção de Cachaça, de 1,2 bilhão de litros e
o tamanho do mercado externo de bebidas destiladas, os atuais números de exportação são
baixos, em especial, se comparados com bebidas típicas e tradicionais de outros países, como a Tequila, que tem 70% de seu volume de produção comercializado para mais de 190 países,
gerando ao México uma receita anual superior a 1 bilhão de dólares.

Além disso, enquanto o destilado Mexicano é protegido em mais de 40 países, apenas Estados Unidos, México e Colômbia reconhecem a Cachaça como destilado genuinamente brasileiro.

A concretização de mais acordos bilaterais de proteção internacional e a ampliação das ações
de promoção da Cachaça, a exemplo do que outros países desenvolvem com os seus destilados
típicos e tradicionais, são de extrema importância para a consolidação do nosso destilado
genuinamente “verde e amarelo” e cuja história está diretamente ligada a história do Brasil.

A ampliação das exportações de Cachaça contribuirá para a geração de receita e empregos
para o país e, também, resultará na inserção de mais empresas no mercado internacional.

2 – Reavaliar a carga tributária da Cachaça. 

A Cachaça é hoje o produto mais taxado do Brasil, com uma carga tributária de mais de 80%, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Apesar da recente inclusão do setor no SIMPLES NACIONAL, centenas de empresas ainda
sofrem com o recente e considerável aumento na cobrança do Imposto Sobre Produtos
Industrializados (IPI) que, para se ter uma ideia, aumentou o valor pago do imposto
incidente sobre determinados produtos em mais de 280%.

O impacto negativo que a alta carga tributária tem no mercado pode ser testemunhado
de várias formas, incluindo o fechamento de empresas (e consequente desemprego entre
os produtores e na cadeia de fornecedores) e o crescimento da informalidade e da clandestinidade.

O aumento de tributos acaba por diminuir a arrecadação, reduzindo, assim, a capacidade
das autoridades de investir na capacitação e na fiscalização.

O setor da Cachaça é extremamente sensível a mudanças tributárias, não suporta mais
aumentos de impostos e entende que a revisão da carga tributária resultará em uma
arrecadação mais sustentável ao longo dos próximos anos, além de permitir que o setor
volte a crescer.

3 – Combater a clandestinidade e a informalidade. 

De acordo com os dados preliminares do Censo Agropecuário do IBGE de 2017, existem cerca de 11.023 produtores espalhados pelo Brasil. Contudo, desse total, estima-se que menos de 1.500 estejam registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portanto, a informalidade no mercado de Cachaça, em número de produtores, é superior a 85%.

Esse alto índice de informalidade gera um ambiente de concorrência desleal no setor, tem
um impacto negativo na arrecadação de impostos pelo governo e representa um risco à
saúde do consumidor.

Uma revisão da tributação do setor, o desenvolvimento de ações de combate a clandestinidade
e redução da informalidade e a evolução de normas que sigam padrões internacionais de
controle, assim como ocorre com o Champagne e com a própria Tequila, são primordiais
para a construção de ambiente saudável de negócios e de desenvolvimento do setor.

Ainda há muito o que ser feito pelo setor, mas acreditamos que com o desenvolvimento e
implementação destas ações estaremos dando passos essenciais no caminho da valorização
e do reconhecimento da Cachaça como um patrimônio do Brasil."


Abaixo o link para versão em pdf:

http://www.ibrac.net/images/Informativos_newsletter/manifesto_da_cachaca_set_2018-compressed.pdf

Acesso: 06/04/2019 - 10:34 hs

Foto: Eduardo Gazal

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